É a versão deprimida de Nove Semanas e Meia de Amor. Esse filme de 1986, com os queridinhos da época Mickey Rourke e Kim Basinger (acreditem, eram jovens e bonitos) glamourizava o charme do dinheiro obtido no mercado financeiro. Nove Semanas mostrava o status dos muito ricos, direcionando sua mais valia para um erotismo estético, que tornou o filme exemplo de “pornô leve” e povoou as fantasias sexuais e financeiras da meninada.
Já Cosmopolis, pós-quebradeiras de Wall Street e depois dos chineses chegarem tomando conta do mundo, tem uma abordagem deprê, claustrofóbica, sem charme. É como um réquiem para os bilhões de dólares americanos e o poder que eles representam, que se esvaem pelos ralos da competição com os amarelos de olhinhos fechados. A imagem do povo americano protestando em Wall Street e os ricos de procurando por um corte de cabelo perfeito é boa síntese das diferenças dessa grande democracia. Isso tudo aí, conduzido pelo mestre do mal estar David Cronenberg, dá bom mau resultado. Não esqueçam que o diretor tem em seu currículo competentes e desagradáveis filmes como o insuperável Gêmeos – Mórbida Semelhança. Continue lendo “Cosmopolis [David Cronenberg]”