Gabeira, um ensaio de lucidez no Rio de Janeiro

Polemikos escolhe seu candidato para a prefeitura do Rio: Fernando Gabeira

Podemos pensar que podemos? Parecia não ter mais saída. Como mudar se tudo de bom está um caos? A desorganização é que está organizada, mostrando todo dia sua eficiência para nos levar mais e mais para o buraco. Independentemente do mérito (ou mais comum, demérito), o marasmo político apontava resultados previsíveis. Lula paira olímpico com índices de aprovação jamais vistos. Ele pode eleger até poste, dizem os sábios da política. Aécio Neves, de Minas Gerais, o bom governador que não governa, mas escolhe bem seu secretariado, brilha nas praias e mulheres do Rio de Janeiro. Sergio Cabral faz um governo burocrático, sem maiores ousadias, buscando uma futura projeção nacional, cuida de ser amigo do Lula e aproveita qualquer chance para passear na Europa. Parece que as cartas já tinham sido lançadas, não havia nada a fazer.

Mas, parece que o povo foi tomado de uma lucidez inusitada. Qual no romance de Saramago, sem que se saiba de onde veio esta serenidade, o povo aproveitou o primeiro turno da eleição para dar seu recado. O candidato do governador Aécio Neves se viu batido por um candidato sem grandes passados, exibindo discurso simples e popular. A empáfia de Aécio foi pro saco. O pretendente a presidência viu seu prestígio maculado em sua terra do pão de queijo. E em Sampa? Os quadros do PT foram tirados da cena política pela Justiça. Só restou a Vovó Donalda, Marta Suplicy. Ela é pouco afeita a governar. As contas de seu governo anterior foram avaliadas no mínimo como esquisitas. Com nome conhecido e respaldada pelo imbatível Lula, o PT esperava ganhar fácil. Surpresa! Marta se viu perdendo feio nas pesquisas para o sem charme e “solteiro” Gilberto Kassab. Será que a competência do atual prefeito foi reconhecida? Ou é a rejeição do povão à premeditação petista de ganhar sem mostrar por quê?

Os cariocas é que deram show. No Rio é que o sonho é mais bonito. Sergio Cabral montou a estrutura para ganhar com Eduardo Paes, um cara de passado razoável. Tá bom que ele xingou Lula e fumou maconha, mas já jurou de pé junto que foi tudo um engano, que não quis dizer nada do que disse. O jogo político foi jogado com as usuais cotoveladas e chute no saco. Eduardo Paes se juntou ao demoníaco evangélico Crivella, depois que este foi expelido pela população no primeiro turno. Tudo arrumado para ganhar. Aí vem o povo e resolve achar que as armações estão exageradas. Que as pretensões de Sergio Cabral para ter visibilidade no nível federal estão certinhas de mais. O povo se rebelou. Há uma proposta de sonho na mesa. Fernando Gabeira é a aposta do povo. O sujeito está na luta (literalmente) desde garoto. Ele é bom de frase: “Me preparei a vida toda para a vida toda.” Não há o que o desabone, exceto que nunca teve receio de assumir causas difíceis, se elas se mostrassem legítimas. Gabeira é a alternativa para sair do lero-lero de sempre. Ele nos oferece a oportunidade de tentar algo diferente, fora dos esquemas que os políticos montam para nos enredar. Gabeira é a rebeldia carioca. Assemelha-se ao belo passo que os EUA vão dar elegendo Obama. O Rio pode mostrar que o futuro pode chegar um dia. Ele não precisa correr sempre à nossa frente como uma miragem. Gabeira é a cara do Rio, ele ama a cidade. Ele pode alegar ter uma virtude que escasseia: honestidade. O Rio merece algo de bonito depois de padecer com as maluquices de Cesar Maia, que Deus o tenha, que parecia odiar a cidade.

Façamos a nossa parte nas mudanças do Brasil e do mundo. Vamos eleger Fernando Gabeira. Acreditem, nós podemos.