O banco Master quebrou. Já estava quebrado havia tempo, sobrevivendo às custas dos relacionamentos do seu dono com os donos do poder no Brasil. Pois bem, quebrou, foi-se. Então vem a conversa sobre o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os investimentos no Banco Master estão garantidos até R$250 mil. Lindo. Os pobres (não tão pobres assim) investidores vão receber as aplicações que fizeram em papéis podres do banco até o valor limite de R$250 mil. Esse socorro aos incautos investidores vai consumir cerca de metade do patrimônio atual do fundo, que é de 90 bilhões de reais. O fundo vai bancar uns 40 bilhões (provavelmente vai precisar de mais) do dinheiro reservado pelo sistema bancário para se salvar nessas situações. O FGC é alimentado pelos bancos. Vai ter que ser reposto. Esse aporte vai custar aos bancos. Vai estragar seus lucros. Eles terão que correr atrás de dinheiro. Quem vai poder contribuir? Eu diria que os clientes vão pagar mais pelos serviços para “garantir” o lucro dos bancos. Talvez até o governo entre com uma grana. Ou seja, no final, nós vamos bancar a farra do Volcaro.
Tem mais uma curiosidade. Os papeis do Banco Master ofereciam remuneração consistentemente acima do mercado. É comum os bancos menores oferecerem rendimento maiores, associados a maior risco. O Master era famoso por seus CDBs com rendimentos nas alturas. Quem quisesse que investisse e corresse o risco. É aí que entra o Fundo Garantidor de Crédito. Não tinha risco! Os corretores informavam candidamente a seus clientes que não havia risco, pois, qualquer problema, o FGC entrava na parada. Resumindo: Se a alta remuneração é garantida, bobos fomos nós que não entramos de sócios do Master. Podíamos ter comprado papeis com rendimento acima do mercado e receber esses investimentos de volta lastreados pelo FGC. Bem Brasil, não é?
Tem solução para isso. Os investidores estavam buscando maior lucro. Sempre estão. Isso costuma estar associado a maior risco. Eles deveriam assumir o risco. O FGC deveria ressarcir o principal investido. Os lucros da aplicação seriam perdidos pelos investidores corajosos. O rendimento exagerado oferecido pelo banco seria perdido. O investidor se arriscou para ganhar mais e perdeu. Mas, no paraíso brasileiro, ninguém perde. Sensacional