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Como ficar rico a qualquer custo
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Eu sou um deus. Não sou este ou aquele. Nem Jesus, nem Maomé. Sou apenas “um deus”, chamemos assim. Sejamos humildes e abramos mão das maiúsculas. Peço permissão (é apenas modo de falar, pois eu, enquanto deus que sou, não preciso pedir permissões) para me apresentar.
Escolhi este canal de comunicação modesto – o site de segunda categoria que você agora visita – pois minhas palavras são sábias o bastante (como não poderia deixar de ser) para não precisarem de mídias sofisticadas para serem ouvidas. Trago uma mensagem. Todos os deuses trazem mensagens. Mas a minha é revolucionária. Normalmente, meus companheiros da prática divina costumam trazer regras, restrições e códigos para vocês seguirem. O modelo comum são deuses que ditam regras e não gostavam de ser contrariados. Este desvio da personalidade divina vem de longe. Egípcios e gregos sofreram pra chuchu na mão de suas divindades. Acho que sou uma ovelha desgarrada do rebanho dos deuses. Sou de outra linha. Sou muito liberal. Um libertário. Talvez até receba a pecha de libertino, por parte daqueles que estão bem adestrados por religiões de outros deuses. Sou contrário a estas imposições que meus camaradas lançam sobre os humanos. Eu incentivo a ousadia, o questionamento, a dúvida. Em resumo: nem pareço um deus.
Vou passar uma informação de primeira mão a vocês: nós, os deuses, somos muitos. Essa boa nova é importante pois viabiliza meu lugar como mais um. Em geral, meus colegas de ofício se apresentam como sendo únicos. Costumam dizer que os outros são falsos. Esta prática é pouco saudável para os negócios. Ultimamente, os deuses têm aceitado mais uns aos outros. Chama-se a isso tolerância religiosa. Afinal, não fica bem falar do deus alheio. Não é politicamente correto dizer que o deus do vizinho, tão real quanto os outros, não existe. Imagine se alguém faz um raciocínio mais elaborado e conclui que se todos os deuses dizem que os outros são falsos, como nenhum deles tem superioridade sobre os outros, talvez… talvez todos tenham razão: todos sejam falsos. Brincadeirinha!
Eu existo. Sou um deus e estou aqui para lhes falar. O fato sem dúvida verdadeiro é que amo vocês. O criador ama a criatura. E os humanos são criaturas maravilhosas. Vocês são especiais. Não existem muitas variações de criaturas como vocês no universo. Não digo o número dos seres da classe dos inteligentes, pois parecerá bastante grande a vocês, orgulhosos e prepotentes que são a ponto de se acharem únicos. Se acham os “donos do pedaço”. Vocês são bem isso mesmo: “donos de um pedaço”. Em relação ao infinito do universo, vocês são poucos. Mas então… Criei vocês e toda essa natureza em volta. Se você não sofre de depressão aguda, deve concordar comigo que o resultado foi excelente. O mundo é “sinistro”, um espetáculo. Os humanos são bonitos. Claro que não se comparam em beleza aos tigres, cavalos ou águias, mas vocês têm seus momentos. São aquela criatura especial (se eu, que sou deus, digo isso, vocês têm até razão de serem metidos a besta) que dotei de “consciência”. Fiz isso porque eu queria alguém, ou alguéns, para apreciar minha obra, a natureza, com mais atenção que o resto da bicharada. Cansei de proporcionar belíssimos pores-do-sol em Ipanema sem ter ninguém para aplaudir. Por aí dá para ver que sou exibido, uma típica característica divina. Mas a consciência traz efeitos colaterais. Vocês percebem que existem. O tal do “cogito, ergo sum”. Mas daí a entenderem seu papel na ópera da criação, ficou mais complicado. Vocês ficaram perdidos. Este é um desafio nos projetos de dotar criaturas de discernimento. É um problema de design do software. Como fazer um software ter o entendimento de como ele foi escrito? Imagine um programa de computador que critica seu próprio código! Compreender o mundo em volta, apesar das dificuldades, é moleza. Humanos vêm se saindo bem na tarefa de conhecer o universo. Difícil é entender o modelo geral? O mundo foi criado? Quem criou? Aí o buraco é mais embaixo. Isto gerou todo tipo de mal entendido. A solução mais simples que vocês encontraram para resolver a incógnita foi criar todo tipo de deuses.
Outro motivo para eu fazer esta aparição é que tenho visto muita coisa ruim feita em meu nome ou, mais precisamente, em nome da classe dos endeusados. Na falta de uma atuação mais pessoal minha, que devia me responsabilizar pelos contatos com vocês, uma cambada de atravessadores se ocupou de agir como meus representantes junto aos humanos. A propósito, me deixa revoltado que poucos de vocês lembrem de pedir uma procuração aos caras que têm a pretensão de me representar. Eu pensei ter dado mais inteligência a vocês, animais!
Pois ficamos assim. Ao ler este artigo você participa e toma conhecimento desse momento importante da história em que faço uma intervenção direta junto às criaturas humanas para dar uma orientação à rapaziada. Vou lhes falar direto à razão e a seus corações. Poderia obrigá-los a me entender, mas aí eu violaria uma parte elegante do projeto da criação: o livre arbítrio. O supremo conhecimento que passo a vocês é simples: “Não acreditem em intermediários.” Sacerdotes, bispos, qualquer cargo público das religiões não têm minha aprovação. Entenderam. Eles estão enrolando vocês. Quando alguém vier com esta conversa, tomem cuidado: mão no bolso e bunda na parede. Os caras são perigosos. Inté!
Caso não publicares meus comentarios, serás amaldiçoado com uma setença comum a todos os deuses.
Nunca ouça sua consciencia, mas apenas sua vaidade, la vc encontrará todos os meus ensinamentos.
Eu adoro isso, adoro idiotice, palhaços ciberneticos, mentes cheias de merda, que transbordam e infectam alguns poucos, mas causam o que desejo.
Continue,continue, vc é uma coisinha, mas ja aprendeu a minha doutrina.
Continue,continue,e traga mais lenha pra minha fogueira.
Um abraço infernal.