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Nós somos mesmo um povinho ruim. Nos atrapalhamos nas mínimas coisas. Os assuntos mais banais são tratados com grandiosa inépcia. Vejam o imbróglio das carteiras de estudante. Essa discussão já se arrasta há algum tempo. Vejam o artigo anterior de polemikos sobre o assunto. Se você conversa meia hora sobre o assunto chega à conclusão que foi uma boa idéia que foi mal implementada. Os estudantes são, em princípio, detentores de pouco recursos, porque ainda estão estudando e não entraram no mercado de trabalho. O objetivo da adoção da meia-entrada era incentivar o acesso dos estudantes à cultura (teatros, cinema, museus etc.) por um preço menor. Como somos bons para esculhambar qualquer modelo, os espertos descobriram logo que dava lucro vender carteiras de estudante, possibilitando a não estudantes pagarem meia entrada em todo tipo de evento cultural ou meramente pagar menos para ver shows de música. A discussão voltou à tona recentemente porque a orgia de carteirinhas emitidas atingiu o bolso dos donos de casas de espetáculos. Todo mundo tem uma carteira de estudante e quer pagar meia-entrada. Os donos de teatros e cinemas, para compensar a queda no faturamento, majoraram os preços dos ingressos. Os idiotas, grupo em que recaio freqüentemente, que não se prestam a comprar ou falsificar uma carteira, deixaram de ir a teatros e shows cujos preços da inteira ficou muito salgado. O faturamento caiu porque os espertos pagam pouco e porque os honestos que não estudam não querem mais registrar sua condição de otário pagando o dobro da maioria.
Há uma solução fácil para o problema. Basta estabelecer que os cidadãos até, por exemplo, 24 anos de idade, com a apresentação de seu documento de identidade, fizessem jus a pagar meia-entrada. O desconto iria contemplar mais de 90% dos estudantes, atendendo ao espírito da idéia de incentivar o contato com a arte para os cidadãos em formação. Temos então uma solução fácil e inteligente. Mas isso não serve para o Brasil. Pois aqui, soluções razoáveis são mal vistas. Como poderemos manter as armações, os trambiques de emissoras de rádio emitindo carteiras, o poder da UNE, dos diretórios das escolas que emitem as desejadas carteiras de estudante.
Surgiu uma lei toda torta, definindo que os estabelecimentos vão reservar 40% de seus ingressos para a meia entrada. Ridículo! Como isso vai ser controlado? Aqui acontece outra prática muito comum no Brasil: quem legisla não tem o menor comprometimento em pensar como fazer a lei funcionar. É impraticável o controle desse percentual de 40%. Na verdade, a balança apenas vai pender para o lado dos comerciantes. Eles vão poder cobrar o que quiserem, que, a bem da verdade, desde o início deviam poder. Mas os consumidores vão se ver envolvidos em uma rede de desinformação sobre a disponibilização das meias-entradas. Zona completa. Temos mais um brasil típico. (Nesse caso brasil é com letra minúscula mesmo, trata-se de um adjetivo. É sinônimo de zona, bagunça.).