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Desde de garoto eu queria tirar uma boa foto da Lua. Infelizmente, com as câmeras comuns, cujas lentes estavam na faixa de 35 a 50mm, o resultado mostrava a Lua como um solene ponto no céu escuro. Mas agora tenho uma lente 300mm. Uau!
Sou fã do relato de Ansel Adams de como tirou a famosa foto “Moonrise, Hernandez , New Mexico”. Depois que se deparou com a oportunidade do cenário, veja o relato do mestre sobre como, premido pelo tempo, resolveu o problema de escolher a combinação de sensibilidade, velocidade e abertura”.
“ I was at a loss with the subject luminance values, and I confess I was thinking about bracketing several exposures, when I suddenly realized that I knew the luminance of the moon – 250 c/ft2. Using the Exposure Formula, I placed this luminance on Zone VII; 60 c/ft2 therefore fell on Zone V, and the exposure with the filter factor o 3x was about 1 second at f/32 with ASA 64 film. I had no idea what the value of the foreground was, but I hoped it barely fell within the exposure scale. Not wanting to take chances, I indicated a water-bath development for the negative.”
Entenderam tudo, né? Eu não. Entretanto, Adams fornece uma combinação de parâmetros para fotografar a Lua: ASA 64, 1 segundo de exposição e abertura f/32. Temos aí três informações que definem, em função dos parâmetros de uma câmera, qual a quantidade de luz fornecida pela Lua. Como o filtro usado por Adams consome 3 stops (3x), os parâmetros para uma foto sem filtro devem ser corrigidos para 1/8 seg, f/32 e ASA 64. Utilizando a tabela de EV (Exposure Values) apresentada na Wikipedia, temos que o EV100 (EV para ISO100) equivalente fica em 12. Este é um valor de referência que podemos utilizar para comparar com outros dados sobre a Lua. O mesmo artigo da Wikipedia informa que a Lua tem EV100 de 15. Partindo do EV100 15, valores iniciais que podemos utilizar para fotografar a Lua são ISO 100, tempo de exposição 1/125 e abertura f/16. De posse desses números, podemos ir para o campo, digo, a varanda, fazer a foto do romântico satélite da Terra.
Recomendações básicas:
– é preciso ter uma lente com tele de algum porte. A partir de 300mm a coisa fica interessante. Mesmo com uma lente potente, a Lua ainda ocupará apenas parte da área da foto. A foto precisará ser cortada (cropada) para colocar a Lua ocupando parte relevante do quadro, mas a sensibilidade das máquinas de hoje dão conta do recado. A foto sai com bom nível de detalhe.
– usar tripé é fundamental. Tentar fazer a foto com apoio manual é uma brincadeira que pode ser feita sem muitas pretensões. Deve-se usar o temporizador da máquina ou o controle remoto para evitar balançar a câmera na hora do disparo.
– escurecer o ambiente onde a câmera se encontra e tapar o viewfinder são recomendações para evitar luzes estranhas intervindo na foto.
Chegada a hora da verdade. Como temos uma câmera digital, não consumimos filmes e podemos testar muitas combinações de parâmetros para ver o que funciona melhor. São boas práticas:
– trabalhar com altos fatores f. Quanto menor a abertura, melhor as condições de foco. Sugiro acima de f/22.
– trabalhar com baixo tempo de exposição, pelo menos, acima de 1/125. Afinal, a Lua se move. Quanto mais poderosa a tele, mais é relevante o movimento do satélite. Tempos de exposição longos também podem favorecer o impacto de eventuais vibrações. Afinal, basta a gente andar num aposento para fazer vibrar o chão e a estrutura tripé/câmera.
– por último, a sensibilidade do filme. Não é recomendado passar de ISO 200. Fotografando a Lua não é a hora de tolerarmos ruídos na foto que vão granular as imagens das crateras e mares da gorduchinha dos céus.
Só resta sair testando. Usei uma D7000, com lente 70-300mm, naturalmente colocada na tele mais alta: 300mm. Deixei o foco automático ligado. Trabalhei no modo manual. As fotos foram tiradas com o temporizador para os disparos para evitar vibrações. Resolução de 4928 x 3624 pixels. A foto escolhida para ser apresentada no alto do artigo foi tirada com ISO-200, abertura f20, 1/200 de velocidade. Isso é equivalente ao EV100 de 15, que bate com o padrão de luminosidade apresentado no mesmo artigo já citado, da Wikipedia. A foto poderia ter mais contraste. Outra que tirei com velocidade menor, 1/160, mostra menos detalhes de contraste nas crateras e mares. Com velocidade 1/60 a imagem já degenera para a perda de detalhe com excesso de áreas super expostas. Com a tele de 300mm, a lua aparece na foto com um diâmetro de 535 pixels. A foto foi cortada para 741 x 715 pixels para deixar uma moldura escura em volta do disco lunar. Alguns ajustes de contraste foram feitos no Microsoft Office Picture Manager. A foto final foi reduzida para a largura padrão do site, com 520 pixels.