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Como ficar rico a qualquer custo
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Dei de ver Jornal Nacional, em particular a cobertura do rescaldo emocional da tragédia que vitimou mais de duzentas pessoas no domingo passado. Tem sabor ruim assistir essas reportagens. Mostram-se famílias sofrendo e chorando. São mostradas as coincidências que levaram alguns a se salvar ou, por algum capricho do destino, a decisão de última hora de ir à festa e virar mais um corpo jogado na irresponsabilidade. Vemos as homenagens aos jovens que perderam a vida. Coreografias lúgubres são apresentadas no horário nobre.
Os motivos sao sabidos. Nao foi acidente.Tantos jovens morreram pela conjunção de fatores típicos de nossa sociedade selvagem. O revestimento era inflamável, só havia uma porta para todos saírem, o figurante da banda que animava a festa achava que usar um sinalizador que solta chamas era apropriado para um ambiente fechado. Os erros que aconteceram em Santa Maria acontecem todo dia Brasil afora. Todo o dia escapamos por um triz. Quando acontece o desastre, extravasamos nosso sentimentalismo. Choramos e falamos belas frases emocionadas.
Sabem o que eu queria ver? Eu queria ver o prefeito colocado contra a parede. Queria ver os bombeiros explicarem porque as condições inadequadas eram toleradas. Eu não queria ver a presidente do país fazer cena de mãezona chorosa. Isso fica nojento dentro do clima de campanha eleitoral que ela adotou. Se a lei ou seu cumprimento não ocorre da maneira correta, o governo, incluindo a presidente, fazem parte da geléia geral de incompetência. Não gosto de choros para dar audiência. As famílias das vítimas deviam exigir mais. Não vi o prédio da prefeitura cercada. Não vi o povo irado. Somos carneirinhos. É nossa vocação. Pouca coisa vai mudar.