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A história do assaltante de bancos John Dillinger, contada pelo diretor Michael Mann, resultou em bom filme de ação. O título do filme usa a ambiguidade para se referir a perseguição que o investigador Melvin Purvis (Christian Bale) faz a John Dillinger (Johnny Depp). Apesar do filme mostrar outros bandidos famosos da época, como Baby Face Nelson, o policial sem sal e o assaltante charmoso são os verdadeiros inimigos públicos.
A elegância emprestada por Johnny Depp para o notório criminoso é responsável por boa parte da graça do filme. Depp compõe um Dillinger que funciona mais como herói do que bandido. Ele é um pouco Robin Hood. Roubar numa depressão e viver no luxo da época é sonho que serve bem a quem enfrenta atual crise mundial. Com certeza tem muito americano que lavaria a alma assaltando os bancos que lhe levaram suas poupanças. Do lado romântico, a produção não economizou. A ganhadora de Oscar, Marion Cotillard, faz Billie Frechette, a namorada de origem francesa de Dillinger. O casal tem boa química e são responsáveis por bons diálogos do filme. O mocinho da história é o agente do FBI Melvin Purvis (Christian Bale), que fica na sombra da simpatia do público por Dillinger. Sua honestidade e persistência em pegar o malfeitor não evitam o sem graça de um personagem que tem que se aliar a Edgard Hoover, famoso e controverso diretor do FBI. A produção é de qualidade (dinheiro não faltou), com uma profusão ternos bem cortados e carros de época para participarem dos tiroteios, que são muitos. Como detalhe, observe Diane Krall cantando num sofisticado clube noturno frequentado pelo fora da lei.
O filme só não impressiona mais pela similaridade entre o clima de “bala perdida” em Chicago nos anos 30 e no Rio de Janeiro de hoje. Dillinger não é traficante. Ele é o bom ladrão. Em certo momento do filme, ele afirma que se concentrava em roubar bancos porque tinha o apoio da população. Ele fazia o que todos queriam fazer.