Não pague impostos! É ilegal, mas, e daí?

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Os atores da política brasileira dão show de didatismo. Se exemplo ruim for útil, eles são ótimos professores. Como de comum acordo, exibem comportamentos desprovidos de ética, contrários à legislação, movidos pelo oportunismo, tudo com desinibição extraordinária. Fazem às claras tudo ao contrário do que pregam seus discursos. Cabe a nós, mesmo com nossa volátil memória, tirarmos proveito dessas aulas, verdadeiras vitrines da alma de nosso país de bosta. Lula domina o palco. Seus impropérios são olímpicos. Esta semana brilhou novamente com a adjetivação da democracia venezuelana, que a ele parece demasiada. Seria estarrecedor se já não conhecêssemos o tão medíocre quanto presunçoso metalúrgico que colocamos na presidência. Talvez o velho Lula tenha exagerado nas margueritas.

O destaque do festival de putaria políticacoube, nesta semana, ao prefeito César Maia. Contumaz condutor de carreira baseada em administrar ações para se manter em evidência, mesmo que isto não implique em governar a cidade, César Maia se excedeu quando, pego de surpresa, disse o que acha de sua função de cobrar a execução de leis no Rio de Janeiro. A respeito de construções totalmente irregulares, encontradas na Rocinha, apontadas pelo jornal O Globo, saiu-se com a singela expressão: É ilegal, e daí? Consta que disse isso sem ruborizar. A rigor, o alcaide carioca mereceria um processo de impedimento pela documentada e confessada omissão. Mas, um profissional da enrolação política não se acanha. Rapidamente, o pilantra caiu em si e deu uma cartada na linha do populismo. Disse Maia: “é melhor construir no morro do que os bacanas construírem na praia e fazerem sombra”. Pego em flagrante omissão de governante, saiu da sinuca jogando o povaréu das favelas contra os malvados que vivem em imóveis legais, os clássicos otários, que pagam IPTU e as outras taxas que a prefeitura utiliza para nos tirar dinheiro. O sem vergonha disse isso de cara lavada. Ouvimos isso do prefeito do PFL, que abandona a cidade para ficar se punhetando em seu blog, esperando brecha no cenário para a disputa à Presidência da República, no ano que vem.

Mas, eu, como cidadão carioca, estou atento. Captei, odiado César! Entendi a orientação desse infeliz candidato a presidência. Sua sugestão é que este negócio de pagar imposto é tolice. Não pagar é ilegal, mas, por que cumprir a lei? A gente não recebe mesmo nada em troca do imposto que a prefeitura arrecada. Também não recebe do estado e do governo federal, mas, calma, uma coisa de cada vez. Agora, vamos nos alinhar com o prefeito em seu movimento de desobediência civil no nível municipal. Não pagaremos mais os impostos da Prefeitura do Rio de janeiro. Sei que chego atrasado. Resta hoje pouca gente pagando imposto por aqui. Mas nunca é tarde para aprender. César Maia se mostrou um visionário, pode ser este o caminho para a moralização. Conclamo os cariocas a apoiarem César Maia em sua proposta de que não paguemos mais imposto ao município. César é nosso líder. O cara pelo menos é bom de marketing. O bordão está pronto: “Não pague impostos! É ilegal, mas, e daí?”

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