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O Homem dos Dados é uma comédia escrita em tom autobiográfico, que conta a história de um psicanalista que inventa o jogo de rolar os dados para escolher como ele deve agir a cada momento ou que personalidade interpretar por determinado espaço de tempo. O autor Luke Rhinehart, cujo nome verdadeiro é George Cockcroft e que era professor de psicologia, desenvolveu e disse que praticou o jogo de verdade, como maneira de escapar das características que não lhe agradavam em seu caráter. No livro, Luke Rhinehart realiza bombardeio em larga escala do equilíbrio racional que perseguimos em nossas vidas. A Teoria dos Dados propõe, para salvação do ser humano, virar a vida de ponta-cabeça, tornando suas ações resultado do sorteio entre uma variedade de caminhos possíveis, usando para isso a ferramenta básica da probabilidade: lançar um dado. O sorteio aleatório, sem restrições, permite, segundo o autor, que aflorem em nós as múltiplas personalidades que mantemos subjugadas. A idéia central da história – de que podemos viver ao sabor do acaso – é fascinante. O autor argumenta com argúcia: “se o planejamento e o razoável nos conduzem ao inferno de vida que conseguimos ter, por que temer os resultados de decisões completamente aleatórias?”.
A dosagem esperta entre a discussão da idéia de ter o dado como mestre para nossa vidas e o sarcasmo em alto grau com que Luke Rhinehart descreve o ambiente psicanalítico no início dos anos 70 compõe a fórmula do sucesso perene dessa obra. O caráter polêmico e demolidor do status quo eram totalmente adequados àqueles agitados anos 70, momento recente da história em que grandes tabus, tais como drogas, sexualidade, trabalho, busca da riqueza, foram colocados em xeque. Não é por outro motivo que o livro ocupa lugar destacado entre os cults da década de 70. Pintando um quadro de hipocrisia limite para a psicanálise e psiquiatria, ficou viável, para o autor, mostrar de modo atraente uma teoria que se opunha à desordem estabelecida através do estabelecimento da desordem racionalmente premeditada. A proposta da vida numa roleta de decisões chega a ser quase viável. Imaginem o quanto este livro foi usado como guia de auto-ajuda para sustentar decisões difíceis que os leitores de Rhinehart não ousavam encarar. Se era possível deixar decisões mais graves por conta de um sorteio nos dados, por que não ousar uma troca de emprego ou o assédio agressivo àquela moça atraente do escritório? Fica impossível medir os resultados, mas deve ter causado bons terremotos na vida de alguns. Naturalmente – parafraseando Rhinehart – foram terremotos benéficos, que permitiram reconstruir novas vidas ou personalidades, certamente mais felizes e ricas que as anteriores.
A proposta de uma vida aleatória é curiosa e nos instiga, lembrando-nos dos caminhos que seguimos e não deram certo, e das opções que desprezamos por ousadas ou estranhas, mas que poderiam nos levar à felicidade, o sucesso, a plena realização. Quantas facetas de nossa personalidade têm grande potencial, mas ficam aprisionadas na censura que impomos por temor ou simples erro de avaliação? Quantas escolhas menos atraentes, mais arriscadas ou, mesmo, dolorosas, se executadas pela ordem dos dados, nos conduziriam a uma vida mais feliz? Como disse modestamente o autor em uma entrevista: “Os dados podem ocasionalmente ser úteis.” Listar seis possibilidades sobre como agir frente a uma decisão pode abrir nossa visão para aspectos que não seriam considerados numa linha linear de raciocínio. Continua Rhinehart: “é uma maneira de substituir o padrão de vida O que tenho que fazer? pelo modelo O que eu poderia fazer?”.
Além da teoria ser simpática, o estilo cínico do autor e do personagem principal nos proporcionam momentos de humor de qualidade. Outro fator importante para manter a atração da obra foi a hesitação, ao longo de todos esses anos, dos estúdios Paramount, que detêm os direitos do livro, de produzirem o filme. Assim, O Homem dos Dados foi preservado e guarda certa pureza como obra predominantemente literária. Melhor para quem lê!
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