ainda sobre Santa Maria: acho que eu penso errado

Vejam vocês. Estão correndo atrás de prender e processar os donos da boate Kiss e o pessoal da banda que tocava na noite do incêndio que matou 230 e tantas pessoas lá em Santa Maria. Muito certo. Aqui no Rio, identificou-se que mais de 100 estabelecimentos funcionavam sem alvarás, sem portas de escape adequadas, um show de incompetência do governo, dos bombeiros etc. Aí eu pergunto: se o administrador da cidade (o prefeito!) reconhece que vinha deixando mais de 100 casas funcionando pondo em risco a população, ele nao está reconhecendo a culpa por negligência? Quer dizer que por sua omissão e má administração poderiam ter morrido muitos jovens em nossa cidade? Ué? Nao seria o caso de mandar prender o prefeito? Ele poderia ser magnânimo, dar o exemplo e se apresentar numa delegacia da cidade.

Talvez ele imaginasse que as regras de segurança eram cumpridas. Ele nao considerasse possível que os bombeiros façam corpo mole para “detalhes” de segurança. Será que rola dinheiro para soltar alvará? Impossível! Numa terra séria como a nossa. Talvez Eduardo Paes seja um ingênuo bem intencionado. Mas, como ele é o gestor, a gente elegeu ele pra isso, ele é responsável pelo que acontece ou poderia acontecer. Nesta minha linha de raciocínio equivocada, lembro a vocês que ele já é reincidente. Lembram do bonde de Santa Tereza? Até o bonde tombar e matar gente, a prefeitura achava ele uma gracinha. Depois do acidente, verificou-se que era uma lata velha sem freios pondo em risco a vida de todos todo o tempo. Acho que tinha um administrador que não administrava, o Julio Lopes, que ficou na surdina esperando a notícia esfriar.

Pois é, é assim mesmo. A gente assiste as tragédias, ensaia breve indignação e voltamos a nossa postura de carneiro castrado. Eu penso errado.

da trajédia de Santa Maria

Dei de ver Jornal Nacional, em particular a cobertura do rescaldo emocional da tragédia que vitimou mais de duzentas pessoas no domingo passado. Tem sabor ruim assistir essas reportagens. Mostram-se famílias sofrendo e chorando. São mostradas as coincidências que levaram alguns a se salvar ou, por algum capricho do destino, a decisão de última hora de ir à festa e virar mais um corpo jogado na irresponsabilidade. Vemos as homenagens aos jovens que perderam a vida. Coreografias lúgubres são apresentadas no horário nobre.

Os motivos sao sabidos. Nao foi acidente. (null)

Calorias mudam: engordavam, agora são prova de amor

Esperta a propaganda da Coca-Cola mudando o enfoque sobre as calorias que o refrigerante contém. Segundo a Coca, são exatas 123 calorias. Eu achava que eram 150. Não faz diferença. Se você bebe uma Coca doce (com açúcar) ingere essa boa quantidade de calorias. Também faz um bochecho com água e açúcar que deixa uma bela camada de caramelo para ajudar a estragar seus dentes. Nem falemos disso. O interessante do material publicitário é transformar a visão daquelas cento e tantas calorias. Agora, segundo os anúncios veiculados, elas trazem energia para você gastar com a namorada e com outras tantas coisas bonitas da vida. Esperto, né?

O Som ao Redor

Bom filme. Vale pagar o ingresso. Algo de novo para se ver. O diretor pernambucano Kleber Mendonça traça um retrato instigante de nossa sociedade através da visão acurada de um condomínio (ou quarteirão) de Recife. É como um quadro bem pintado. As cenas se sucedem como pinceladas de um quadro geral que assistimos a construção. Nem precisava amarrar um final. Se o filme fosse cortado de repente, já era vitorioso.

Os artistas se saem bem. O garoto descendente da oligarquia, pouco atento às diferenças de classe que o cercam, chega a parecer boa pessoa. É apenas um anestesiado pela indolência da classe dominadora. Os serviçais e humildes circulam no entorno dos ricos tirando o proveito que puderem. São cerca de dez personagens apresentados com detalhes suficientes para torná-los relevantes na paisagem da obra. A tensão da vida nas grandes cidades é a presença constante. Sempre há um som ao fundo. O som ao redor? Continue lendo “O Som ao Redor”

cada país tem o estadista que merece

Da série “lendo O Globo”

20130122-223111.jpgA imprensa cobriu com atenção a cerimônia de posse do presidente americano Obama. Seu discurso de posse foi uma tomada de posição política a respeito de temas de importância mundial: meio-ambiente, homofobia, direitos femininos, imigrantes. Obama se posicionou os assuntos, traçando diretrizes para o tratamento que terão no futuro. Definia uma agenda não só americana. Tratou do futuro do planeta e da sociedade globalizada.

20130122-223138.jpgEnquanto isso, no Brasil, o ex-presidente Lula é desancado pela imprensa. O trecho da foto ao lado foi retirado de artigo assinado pelo Professor Marco Antonio Vila. O texto é forte, mas não contém inverdades. A figura do grande operário que liderou o país está se amiudando. Com o passar do tempo, seu estilo desatento e oportunista vai se consolidando para os críticos. Aos poucos, essa imagem vai chegar para população. Bolsas Família e outras ações sociais do governo tiram a atenção para sua postura, mas sabe-se que não dá para enganar todo mundo todo o tempo.