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Como ficar rico a qualquer custo
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eles ficariam lindos lá dentro e nós livres para circular aqui fora
Polemikos tem atração por grandes campanhas, por movimentos populares voltados para o aperfeiçoamento de nossa sociedade. Por isso, embuídos das mais nobres intenções e certos de que esta proposta vem de encontro (um verdadeiro encontrão) aos interesses de todas as raças e pedigrees que proliferam em solo nacional, propomos a solução final para o problema da difícil convivência humano-canina nas ruas do Rio de Janeiro. A proposta é simples: os cães serão todos exterminados, exceto – e aí está o ovo de Colombo – um belo plantel deles que vai compor o Zoológico dos Cães. Bem, a Sociedade Protetora dos Animais pode considerar o extermínio puro e simples uma linha de ação muito radical. Há uma alternativa para isso, que é a exportação da cachorrada para um país da Ásia onde eles são considerados iguaria culinária. Isso pode ser negociado posteriormente. Voltando: Trata-se de uma idéia brilhante para resolver o problema do melhor amigo do homem. O Zoo Municipal dos Caninos ou Casa dos Cães (o nome definitivo escolhemos depois), nos moldes de um zoológico típico, permitiria aos cidadãos verem cachorros de todas as espécies, criados em condições ótimas, com pessoal treinado para lhes (aos cães) oferecer o maior conforto. Aliás, se você, desprecavido leitor, considera esta atitude inumana, saiba que é atitude típica de filho para pai. Quantos filhos queridos não enjaulam seus pais, quando estes ficam idosos, internando-os em asilos de velhinhos? Estamos propondo que este sentimento seja estendido aos cães. Vamos tirar os cães das ruas e colocá-los em belas jaulas para que possam ser bem apreciados.
O Zoo Canino oferece oportunidades antes inimagináveis. Podemos pensar grande. Por que não fazer um parque temático? Além das jaulas, podem ser criados ambientes com sofás e televisões, onde humanos carentes podem (mediante uma pequena taxa, irrisória comparada com o que se gasta com Bonzo e cabeleireiros para cachorros) sentar e coçar carinhosamente a barriga dos cachorrinhos. É mais barato que terapia! Também, para os saudosos, seriam disponibilizadas calçadas cagadas pela cachorrada. Os visitantes (nesse caso gratuitamente) poderiam andar pisando em cocô e lembrando do agradável passado em que havia liberdade e podiam sujar o caminho dos outros sem ter culpa. Para os casos mais agudos, poderiam ser oferecidas calçadas especiais para os ex-donos fazerem cocô juntos com seus antigos companheiros de sujeira. A democracia perfeita!
E a linha esportiva? Pode fazer parte das instalações do Zoo um estádio com rinhas (por razões de marketing, chamaremos de Octágono), onde os Pitbull dos Pitboys poderão se destruir em sangrentas batalhas (Ultimate Fightings). Cabeças de cães pendendo de pescoços estraçalhados são imagens impactantes. As lojas do parque venderiam coleiras de couro com tachas de aço cromado. O must da moda feminina da temporada. Todo lutador de jiu-jítsu vai querer dar uma para sua cachorra. O novo esporte permite variantes extremas de forte apelo para a galera. A arena pode receber competidores em duplas. Por exemplo: o lutador de Vale-Tudo pode brigar junto com seu cão querido. Assim, o Zoo, além da vantagem imediata de retirar os cães (animais e humanos) das ruas, com o esporte radical de Vale-Tudo Misto, contribuiria para o extermínio legalizado das duas espécies.
Vamos nos unir em prol dessa proposta inovadora e conciliadora de interesses. Você que já foi atacado por um cão que anda solto e sem focinheira, conduzido por um dono nas mesmas condições, junte-se a nós nesse empreendimento. Você que já pisou na merda deixada pelos cachorros nas calçadas, divulgue essa idéia. Vamos dar um espaço mais humano para os cães! Vamos acabar com a vida de cão dos cidadãos do Rio!
(nota do autor: a partir de idéia original de Jovi)
[Sebastião Agridoce]
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