Bancas de jornais: o artigo mais polêmico de 2009

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Pasmem. O artigo mais polêmico do site em 2009 foi escrito em 2005! Clique aqui para ver o artigo. Ele trata do excessivo e crescente número de bancas de jornais na cidade do Rio de Janeiro. No artigo eu comentei que seria candidato a vereador. Fiquem tranquilos: foi apenas brincadeira. Mas o povo ficou revoltado com estilo agressivo do artigo. Foi um tal de gente indignada escrever pra cá comentando o artigo. Me xingam de burro, moleque e outras expressões menos publicáveis. Acho que há dois motivos para isso:

– alguns leitores não entendem o artigo! Pessoas que vivem direta ou indiretamente do negócio de bancas de jornais se sentem ofendidas, entendendo que o artigo denigre (este verbo é politicamente correto?) sua atividade. Peço desculpas se passei esta ideia. Reconheço que todos buscam ter um trabalho, um sustento. Jornaleiros trabalham muito. Pegam no batente todo dia desde cedo. A atividade de jornaleiro é um trabalho nobre. Eu não pretendia magoar os profissionais que vendem jornais.

– um outro grupo de leitores parece estar envolvido diretamente com a ampliação do negócio “criar pontos de vendas nas calçadas”. Esses ficam ressentidos pois não interessa a eles haver qualquer restrição ao “uso das calçadas para o comércio”.

Mas que tem muita banca de jornal, tem! Alguns comentários alegam que as bancas de jornais são lugares onde se vende cultura. Pera aí! as bancas vendem refrigerantes, biscoitos, DVDs, café espresso, ou seja, qualquer coisa que possa ser comercializada num estabelecimento de venda bem posicionado. O fato é que os pontos de venda formais nas calçadas, chamados originalmente de bancas de jornais, aumentam a cada dia em número e tamanho. Como as calçadas não aumentam, ocorre uma redução da área destinada às pessoas caminharem. A localização de muitas bancas próximas umas às outras também não é bonito para a cidade. Por parecerem negócios mais sérios que as bancas dos camelôs, as “bancas de jornais” são aceitas sem críticas. Os camelôs têm tratamento diferente, sendo justificadamente perseguidos. Mas eles também querem trabalhar e sobreviver. Trabalham ocupando as calçadas porque ali há a oportunidade de ficar perto de potenciais consumidores. Mas essa é a mesma motivação das bancas. Por que então a opinião pública não apóia o uso das calçadas pelos camelôs? Resposta: Porque se não vira zona, pô! Dizendo de outro modo: porque não dá para liberar as calçadas para serem ocupadas por quem bem entender, com a destinação que lhe interessar. Não se pode instalar uma banquinha em qualquer lugar e tocar a vender qualquer coisa que se deseje. Afinal, as calçadas eram feitas pra gente ir e vir. Os camelôs fazem isso de maneira desordenada. As bancas de jornais fazem isso de maneira mais metódica e ordenada, entretanto, sem controle e sem preocupação com o cuidado urbano com as calçadas.

Meu comentário original no artigo de 2005 apontava que, por ser um grupo bem organizado, com prováveis bons contatos na prefeitura, os administradores do negócio “bancas de jornais” não vão se preocupar com a qualidade das calçadas. Seu objetivo é criar o maior número possível de pontos de venda no modelo que utilizam. Esta maneira de atuar gera aglomerações de bancas que não se justificam em função do objetivo declarado de vender seus produtos originais (jornais, revistas etc.). O rendimento proporcionado por uma banca vem da venda de jornais e revistas (algumas nem vendem mais jornais), refrigerantes, balas etc. Mas parece que parcela importante do rendimento vem da publicidade nas paredes criadas pelas bancas. O que se perde? A cidade perde em beleza pois as bancas se acumulam sem nenhuma ordem. As calçadas do centro da cidade, cheias de pessoas, têm seu trânsito estrangulado pelas bancas. Nada de mais. Apenas uma piora a mais. É apenas isso. A falta de regulamento gera essa distorção ( e muitas outras) resumida em: “Alguns ganham razoavelmente por conta da degradação das calçadas que afetam a todos.” Quem opera a banca sai ganhando. A gente, que usa a calçada, perde.

Mas, como também já disse antes respondendo a um comentário, não há o que se preocupar. A maioria da população não se incomoda com a deterioração das calçadas. Afinal, tem muita coisa mais importante e visível se deteriorando por aí. O assunto também não interessa à mídia que usa as bancas como canal de distribuição de seus produtos jornais e revistas, e não vai querer mexer com eles. Ou seja, está tudo evoluindo no mais puro estilo brasileiro: a ocupação avança sem controle, os interessados tiram proveito como querem, a conivência do governo gera provável vantagens financeiras para representantes públicos envolvidos no processo de liberar licenças e a população nem consegue identificar como suas calçadas estão ruins de caminhar e se tornaram poluídas visualmente. E vai ficando tudo assim mesmo… Feliz 2010.

2 comentários em “Bancas de jornais: o artigo mais polêmico de 2009”

    1. Procure por outras atividades nos horários em que a banca está aberta. Por exemplo, no Rio de Janeiro é comum para um ponto de jogo do bicho encostar sua mesa em na banca de jornal. Outros ramos de atividade podem ocupar a banca em horários complementares. Uma oportunidade óbvia é a venda de drogas e a prostituição durante a madrugada. Siga o exemplo das bancas do Rio de Janeiro e diversifique. Algumas bancas inovadoras vendem até jornais.

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