---------------------------------------------
Como ficar rico a qualquer custo
Um guia radical em forma de sátira! Uma sátira com fundo de verdade? Você decide. Veja o novo livro de Ernesto Friedman na Amazon: A Receita - como enganar muitos e sorrir
---------------------------------------------
A conquista do voto no Brasil foi uma enormidade. Boa parte da vida de muitos brasileiros (eu me incluo) foi passada assistindo os militares decidirem o que era melhor para o país. Alguns oportunistas já estavam presentes nessa época. Ocorre-me agora o nome de José Sarney. Mas o fato é que conseguimos votar. Mas votar é muito difícil e importante. Na Grécia, que inventou este modelo, a tal democracia, só deixava votar os cidadãos, que não eram todos, mas uns pouco esclarecidos que mandavam no pedaço. Já era um começo e foi o começo. Quando vemos o país empolgado (será?) com uma campanha eleitoral, achamos que o ato de votar é puro e cristalino, e permitirá que façamos valer nossa vontade, juntamente com de outros tantos que almejam decidir sobre o futuro da nação. Pois saibam que eu não me sinto muito satisfeito com esse processo que está aí.
Veja bem. Tem uma porção de camadas de regras que restringem ou distorcem nosso processo eleitoral. Vejam alguns dos pontos que me incomodam:
– para a escolha de senadores, há uma proporcionalidade de votos por habitantes que fazem com que o voto de um acreano (sem ofensa ao povo do Acre) valha cerca de seis vezes o voto de um paulista. Os cidadãos do Acre elegem mais senadores do que os paulistas, proporcionalmente, é claro.
– e se você se encantou por um político, acha que o cara é sério etc e tal, e resolve votar nele. Ledo engano. Está votando no partido, ou na coligação do seu candidato. Como nossos partidos são uma colcha de retalhos geridos por mensalões, você poderá se ver na situação de votar num sujeito e ver seu voto contribuir para eleger outro que você queria tudo, menos que ganhasse a eleição.
– agora, faço o comentário que não quer calar: “outro problema é que o povo não sabe votar”. Tirando a ira dos que repudiarão minha afirmação com argumentos sobre minha falta de senso democrático, acho que muitos acham isso mesmo. O povo está sendo imbecilizado em massa, com educação de má qualidade, quando há, combinada com a idolatria do mau gosto e da indigência. Assim, a maioria que antes era silenciosa e hoje esperneia e baba assistindo a novela Avenida Brasil, vota mal, aceitando qualquer promessa, qualquer sorriso maroto ou, sem o menor conhecimento do que uma eleição pode significar para sua vida, votando no primeiro pilantra que lhe pedir o voto.
Como me ocorreram estas ideias, vocês podem concluir que não estou otimista com as eleições. Mas, de toda forma, recomendo a perseverança, tentem qualquer coisa, não tem outra solução. Infelizmente, o desejado déspota esclarecido não existe, ou seja, eu não me candidatei ao cargo.