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Como ficar rico a qualquer custo
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Até agora, o engodo aplicado nos consumidores brasileiros vinha sendo útil e dando certo. Para o Governo, era uma mão na roda. A gentalha embarcava nas compras a crédito, a economia crescia, a classe D virava classe C, a classe C achava que era classe média, ficava todo mundo feliz. O PT ganhava as eleições, os eleitores achavam que o Mensalão não existia, o Brasil não tinha crise, o paraíso era aqui. Bem, as coisas não são bem assim. A conta está sendo apresentada. Artigo de hoje de O Globo, fornece o valor do trambique “Sem Juros”: foram 170 bilhões que o povo pagou de juros. Boa parte dessa fortuna, o consumidor gastou orientado para consumir a crédito, pois à vista era “a mesma coisa”. O mantra do golpe era: “a vista” é igual “a crédito”. Os carros, que foram vendidos com “juros zero” (essa fantasia é marca registrada da venda de carros), estão hoje pressionando os indicadores de inadimplência dos infelizes proprietários de automóveis, que não conseguem pagar seus sonhos de quatro rodas comprados em módicas prestações, que, por infelicidade, dobraram o preço final do veículo.
Que a média da população é formada de imbecis, nós já sabemos. O que se vê nesta história é que todos os espertos agiram, ou conspiraram, para vender a todo custo. O governo se elegeu. Os comerciantes venderam mercadorias. A imprensa vendeu anúncio. Os bancos venderam juros. Foi um tipo de corrente. Agora, de repente, todos perceberam que há algo errado. A imprensa, que ganhou zilhões com os classificados vendendo os tais “juros invisíveis”, agora faz belas análises. O governo também viu a luz: “Ciente de que essa camada da população carece de educação financeira, o Palácio do Planalto quer mudar o jogo.” Pois é, só quem via era eu. Quanta boa intenção. Mas dá para entender o por quê desse insight formidável dos mais esclarecidos. O problema é que o crédito está dando merda. O esquema não está mais funcionando. O modelo de comprometer a renda das famílias, fazendo o povo achar que a vida é feita de pagar parcelas, está dando errado. A rapaziada comprou, comprou, se endividou e não está tendo como pagar. Aí a porca torce o rabo. A coisa começou a feder. Vão pensando aí sobre o assunto e assistindo os próximos capítulos. Vai ter emoção. Mas quem perde no final são os mesmos. Você adivinha quem?
Para vocês confirmarem que já falamos disso há muito tempo, vejam nosso clássico artigo sobre “juros invisíveis”, de 2004.
Em tempo: Quando é que vão fazer uma lei para diferenciar o preço à vista da compra no cartão de crédito. Esta nova percepção vai demorar mais pois as empresas de cartões de crédito são poderosas. Mexer com os malfeitos delas vai exigir muita macheza de Dona Dilma.