A Tentação [The Ledge] Matthew Chapman

Eu achei o filme um pouco explicado demais. Escrito e dirigido por Matthew Chapman, tem o mérito de discutir fé e ateísmo, do qual se costuma fugir para não magoar os religiosos. O filme começa pela situação limite de um sujeito que é levado a se suicidar ou deixar que outro morra. A partir da conversa com o policial, ficamos sabendo da história que levou àquele desenlace.

O diretor descendente de Darwin concentra o fogo no extremismo da fé. Nada como uma religião radical para canalizar o ódio das pessoas. Continue lendo “A Tentação [The Ledge] Matthew Chapman”

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras [Sherlock Holmes: A Game of Shadows] 2011, Guy Ritchie

Fraquinho. O personagem está bombado. Ao incrível intelecto dedutivo do personagem criado por Conan Doyle, acrescentaram-se grande capacidade física e um quê de previsão de futuro, que transformaram o moderno Sherlock Holmes em um típico super-herói. Os menos conhecedores do personagem original, vão achar que Sherlock Holmes é uma cópia do médico House, dos seriados de TV (!). Mas quem vai ver a franquia Sherlock Holmes espera por histórias desse tipo. O ritmo frenético, as piadas geradas pela relação entre Holmes e seu amigo Watson, vão segurando a história. O arqui-inimigo (super-herói tem que ter um arqui-inimigo) Professor Moriarty funciona bem. O irmão de Holmes, incluído no grupo, não acrescenta muito ao quadro geral da história. A fotografia escura faz parte do da programação visual da época. A afetação dos atores Robert Downey Jr. e Jude Law é adequada para as brincadeiras do 007 da antiga Londres, se bem que os aventureiros viajam bastante durante a história. O resultado final é um filme sem compromisso para passar o tempo no final de tarde ou para assistir no futuro na TV paga. Elementar!

Árvore da Vida [The Tree of Life] 2011, Terrence Malick

Fui com um amigo ver Noite Americana no finado cinema Rian. Eram as famosas estréias de sábado, às 22h, nos idos dos anos 70. Era um agito. Este filme de Truffault é maravilhoso! Como uma de suas dádivas, o filme sacramentou Jacqueline Bisset como das coisas mais lindas imortalizadas no celulóide. Bem, meu colega de turma da esquina, entendeu que era um filme de aventura, com porradaria correndo solta e outros adereços de um filme de ação. Eu ri muito quando saímos do cinema e ele declarou sua perplexidade frente ao filme “lentinho” e bobo que acabara de assistir.

Corta, avancemos para 2011. A Revista de O Globo desse domingo registrou mais um engraçado “Entreouvido por aí”. Era o papo entre dois rapazes saindo do cinema, depois de assistirem Árvore da Vida. Um deles dizia: “Por que você não me disse que o filme era assim? Pelo trailer, achei que era normal.” Sou obrigado a confessar que tive sensação parecida ao sair do filme de Terrence Malick. Eu queria um filme mais normal. Continue lendo “Árvore da Vida [The Tree of Life] 2011, Terrence Malick”

O Vencedor [The Fighter] 2010, David O. Russell

Pra mim, está na área o ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante. Christian Bale, que fez um parrudo Cavaleiro das Trevas em Batman Begins (2005), faz o ex-lutador de boxe Dicky Eklund, viciado em crack, exaurido, com os ossos da face mostrando como foi rigorosa a preparação física para fazer o filme. Sua interpretação é impressionante. Seu irmão mais novo, também um boxer, Micky Ward, é interpretado pelo fortinho Mark Wahlberg, de Quatro Irmãos (2005), que também entra na produção do filme. Baseado em história real, o filme é da classe tão adorada pela Academia de Hollywood: os perdedores que vencem pela superação. E também trata do boxe, talvez o esporte (boxe é esporte?) mais exibido nas telas de Hollywood. O boxe tem bom rendimento para ganhar a estatueta dourada. Touro Indomável (1980) deu Oscar de melhor ator para Robert De Niro, interpretando o boxer Jake La Motta. Clint Eastwood levou Oscar de melhor filme com o fraco (eu acho, pô!) Menina de Ouro e ainda deu o Oscar de melhor atriz para Hilary Swank. Pelo jeito, apesar do tema boxe ser repetitivo em Hollywood, a chance de O Vencedor (por que não traduziram para O Lutador?) é grande. A história funciona bem. Os personagens são bons para amarmos ou odiarmos. É o caso da namorada e da mãe do irmão do lutador. A namorada Charlene é interpretada pela bonita Amy Adams, que eu conhecia mais pela participação em comédias, como Encantada e Uma Noite no Museu II. Ela se saiu bem no papel sério. Melissa Leo é a mãe e manager dos lutadores com suas ética peculiar e amor pelos filhos. Melissa também concorre ao Oscar com boas chances ao prêmio de melhor atriz coadjuvante.

O filme bate bem. A luta final é emocionante. Meu coração acelerou. Cabe a pergunta: Será esse o Oscar do Vencedor?

Cisne Negro [Black Swan] 2010, Darren Aronofsky


Surpreendeu negativamente. A belíssima Natalie Portman apresenta interpretação marcante, típica da disputa para melhor atriz no Oscar. Portman está perfeita como a menina bulímica, completamente dedicada na busca da perfeição como bailarina. Fico curioso com o peso da moça. Ela deve estar com uns 35 kg. Mas o Google nos ensina que ela mede 1,60m e pesa 48 kg. Ah, a fotografia do filme também é muito boa, particularmente nas cenas de dança. Prestem atenção na cena inicial. A câmera faz uma coreografia incrível dançando junto com atores e dançarinos. Aquilo não é propriamente balé, mas é bonito.

Mas… mas o filme fica por aí. A história do enlouquecimento da pretendente ao posto de primeira bailarina ficou meio embrulhada. A moça fica maluca, não sabe distinguir entre a realidades e as alucinações. O problema é que o diretor passa essa insegurança para nós, pobres criaturas que estamos tentando entender o filme. Depois de alguns delírios da moça, já não sabemos em que acreditar. Daí pra frente, temos um filme de terror fraquinho com Natalie Portman correndo para buscar um Oscar. Nem o tesão enrustido da pequena Nina (a bailarina interpretada por Portman) acrescenta muito ao filme. Uma cena de sexo entre mulheres, com a participação da atriz Mila Kunis (aquela latina de olhos grandes da série de TV That ’70s Show), é animada, mas não dá para justificar o ingresso.