Homem do Ano Polemikos 2010

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Lula já é passado. O queridinho do povo sai da ribalta neste fim de ano para entrar para história. Lula saiu convencendo que nunca antes nesse país teve-se tamanha oportunidade de fazer mudanças no cenário de corrupção política e optou-se por tocar o bonde do jeito que estava, mantendo-se e ampliando-se alianças com a canalhada. Esse lado pragmático (o maior eufemismo que posso usar) de Lula e do PT tiraram o tesão de quem achava (ainda havia alguns) que o PT viera para mudar. Apesar de seus 80% de aprovação, a onipresença de Lula levou-o aos limites da “malice” (tornar-se um “mala”) e impediu sua candidatura à láurea de Homem Polemikos de 2011. Na política, a competência de Sergio Cabral, ocupando espaços com ações necessárias, que outros jogavam para baixo do tapete, assumindo a luta pela conquista das favelas pelo governo, colocou-o em evidência positiva nacional. Sua entrevista de fim de ano, peitando uma Míriam Leitão baixamente crítica, mostrou um político objetivo, falando de liberação (ou, pelo menos, da discussão) do aborto e do jogo. Só faltou falar da descriminalização das drogas. Mas tudo tem seu tempo, não é Cabral? Do lado negro da política, tivemos a liberação na justiça de Garotinho e Maluf, candidatos perenes pelo lado ruim do título de Homem do Ano. Já estamos de saco cheio destes, mas o povo, com sua sabedoria eleitoral, insiste em mantê-los vivos. Por sinal, o que tem de sacana no Brasil se auto-esculhambando é uma enormidade. Um milhão de palhaços elegeram um palhaço para deputado federal. Não achamos graça. Esse lado da política não merece lugar em nosso pódio.

Pela força masculina que carrega consigo, a presidente eleita por Lula poderia concorrer como homem do ano, mas como foi apenas uma construção do metalúrgico presidente, deixemos para ver mais adiante se ela é macho mesmo ou ladra mais não morde. Tenho pra mim que é frouxa. Quando o dia a dia da política apertar na cueca, a presidente vai vazar de mulherzinha. Entretanto, não tem escapatória, para o bem o para o mal, o futuro cairá sobre nossas cabeças.

Na economia, a cagada financeira de Silvio Santos, que faliu mas foi socorrido pelo generoso governo Lula um pouco antes das eleições, foi destaque que poderia trazer o camelô televisivo para disputar o prêmio. Mas ele já ganhou antes. Não vale o suficiente para levar um bicampeonato.

Tô ficando sem homem para escolher. Nas artes, o Capitão Wagner Moura Nascimento, agora Coronel, foi um sucesso. Parece que ele ganhou seus milhões com a produção de Tropa de Elite II. Merecido. O filme teve pouca violência e foi a dissecação do nosso modelo de corrupção. Valeu!

Tem uma exceção na política, o Beltrame, secretário de segurança do Rio. O cara tem vida pouco invejada. Não vai ao banheiro sem antes o segurança dar uma olhadinha no vaso. Mas ele mantém o ritmo. Faz sua ginástica em academia de Ipanema. Pensando bem, Beltrame, Cabral, Eduardo Paes, essa turma está construindo uma opção para o futuro do Brasil. Quando passar a onda Lula, quando passar o golpe de 20 anos do PT no poder, quando eles saírem do PMDB oportunista de hoje, essa turma vai bater um bolão nas urnas. A gente ainda vai votar muito neles. Por enquanto, coloquemos o Beltrame no pedestal para prestar mais atenção no cara. E fica a pergunta que não quer calar: a Rocinha será invadida agora ou espera-se o carnaval passar?

José Mariano Beltrame foi eleito o Homem Polemikos de 2010.

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