Começou o ano. Como todos sabem, sou um sujeito influenciável. Cada coluna do Merval Pereira que eu leio em O Globo, aumenta meu ódio ao PT. É irresistível.
A impressão que marca, nestes primeiros dias do ano, é que o governo está meio perdido. O PT fez a coisa mais importante para um partido: comprou e vendeu o que fosse necessário para ganhar a eleição. Apostou todas as fichas. Corre o boato que o marqueteiro do PT levou 70 milhões de reais de prêmio pela eficiente campanha eleitoral que conduziu. Foi uma sugeirada só, mas os fins justificam os meios. O prêmio foi ganhar um país. Certo? Dentre as fichas apostadas entra nosso dinheiro. Talvez algum do que saiu das propinas da Petrobras e foi parar na verba de campanha. Mas o fato é que Dilma levou a taça. E aí começaram as decisões. E começou a lambança.
Veio um ministério torto. A área de Economia do ministério vai contar com pessoal afinado com o mercado. No resto (e bota resto nisso, são 39 ministérios) fez-se a usual distribuição de postos pelos partidos da base de apoio do governo. Competência ou afinidade com as áreas foram desprezadas. Entende-se. O momento é de pagar as dívidas com os aliados da campanha. O PT paga bem.
Mas logo no primeiro dia, já deu baixaria no relacionamento do presidente com o Ministro do Planejamento. Lá da praia na Bahia, de férias, Dilma deu esporro no ministro que antecipou mudança no cálculo do salário mínimo. Isso só deveria ser divulgado no segundo semestre, quando o povo já tivesse esquecido as promessas de campanha. O cara é alinhado com o partido, afinou. Emitiu nota dizendo que nada muda na casa de Noca.
A grande expectativa, minha e das agências de rating, em 2015, é ver se o brasileiro tem bolas ou elas são apenas um adereço de carnaval. Quem é que vai botar o pau na mesa e reagir às broncas da gerentona que não gerencia? A procura vai ser difícil. O povo saiu das ruas. Os engenheiros da Petrobras já puseram o galho dentro. Engoliram a presidente dizer em seu discurso de posse que o problema da empresa são malfeitos de alguns funcionários. Porra nenhuma! Os mais desatentos sabem que os desvios foram feitos por prepostos do governo dela ou do anterior, aliás, quando a Dilma tinha acento no Conselho de Administração da empresa. Mas os empregados da Petrobras vão deixando, deixando, daqui a pouco não conseguem se candidatar nem a síndico de prédio, pois carregarão a pecha de corruptos inveterados. Como dizia meu compadre nordestino: “Quem muito arreganha, o cú aparece.”
Fica para acompanharmos em 2015: quem vai mostrar que tem colhão? Ou na forma mais popular, para os leitores do PT entenderem, quem mostrará que tem culhões?