Capitão Phillips [Captain Phillips] Paul Greengrass

Bom filme de tensão. A pirataria na costa da África existe. É apresentada de maneira convincente. Tom Hanks tem desempenho adequado para a situação limite enfrentada pelo capitão do navio. Espetacular é o ator Barkhad Abdi, nascido na Somália, de família que emigrou para os EUA fugindo da guerra civil. Barkhad interpreta o líder dos sequestradores, Muse. Ele parece absolutamente possuído pelo personagem. Boa parte da tensão, maior qualidade do filme, se deve a sua interpretação.

A atuação dos SEALS, tropa de elite da marinha americana, cumpre o papel de reforçar a competência militar americana para ações anti-terrorismo. Os EUA precisam desse estímulo hoje em dia.

Atenção para a interpretação de Tom Hanks no final do filme, coroando as situações críticas por que passou o atribulado capitão Phillips.

O mais intrigante problema de probabilidade

Há 30 anos atrás, eu trabalhava com um grupo cujos participantes tinham muito boa formação em matemática e estatística. Certo dia apareceu um problema aparentemente fácil, mas que tinha uma casca de banana que gerava dúvida sobre sua solução.

Vejamos o tal problema. Nós o chamávamos de o “Problema do Silvio Santos”. Isso por que SS tinha um quadro em seu programa de domingo em que eram oferecida portas para os concorrentes escolherem. Acho que eram as Portas da Fortuna. Escolhendo a porta certa o participante do programa ganhava um prêmio. Usemos o jogo oferecido por Silvio para apresentar o curioso problema.

Considere que as Portas da Fortuna são três. Atrás de uma delas há um prêmio de valor, por exemplo, 10 mil reais. As outras portas, se escolhidas, dão direito a prêmios de consolação ou, simplesmente, o concorrente não ganha nada. Silvio pede ao concorrente para escolher uma das portas. Elas são todas iguais e só a sorte pode fazer com que seja escolhida a porta que leva ao prêmio. O participante escolhe uma porta. É aí que a coisa fica animada. As portas continuam fechadas. O apresentador sabe qual é a porta que esconde o prêmio. Ele abre uma porta das duas que não foram escolhidas pelo jogador. Como sabe onde está o prêmio, Silvio escolhe para abrir uma porta que não ganha o prêmio. Se o concorrente escolheu a porta certa na primeira escolha, Silvio tem duas portas vazias para abrir. Se o concorrente não escolheu a porta da sorte, o apresentador abre aquela das duas restantes que não conduz a ganhar os desejados 10 mil reais. Depois de abrir a porta vazia, Silvio oferece ao concorrente uma segunda jogada. Ele pode continuar com sua escolha inicial ou trocar para a outra porta que permanece fechada. Notem que o apresentador sempre seguirá o procedimento de abrir uma porta vazia e oferecer ao participante do programa a oportunidade de trocar sua primeira escolha, mesmo que a primeira escolha do concorrente tenha sido a da porta que ganha o prêmio.

Qual o problema então? Sabemos que a chance de acertar a porta na primeira escolha é de 1/3. Depois que o condutor do programa abre uma porta vazia, restam duas portas fechadas, aquela escolhida primeiro e a outra que o apresentador oferece para o candidato mudar sua escolha. Entre as duas portas restantes, a chance de acertar é aparentemente 50%. Pergunta: o concorrente aceitar trocar sua escolha original e indicar a porta que restou fechada aumenta suas chances de ganhar o prêmio?

A resposta é “Sim. Trocar para a outra porta aumenta bastante a chance de escolher a porta que esconde o prêmio.” Qual a probalidade de acertar a porta do prêmio se o concorrente trocar de portas? Deixo a vocês o cálculo da probalidade de acertar.

Vejam que interessante. Se Silvio Santos quisesse criar suspense e fizesse esse jogo com, digamos, dez portas no lugar de apenas três? Nesse jogo ampliado, o apresentador deve adotar a regra de sempre oferecer uma porta vazia para as jogadas em que o concorrente pode trocar sua escolha. Se o concorrente nao troca, ele abre a porta e mostra que ela está vazia. O concorrente esperto que não aceitar trocar sua escolha original o final do processo quando Silvio abre uma última porta vazia e só restam duas portas fechadas. Nessa jogada, o participante do programa deve aceitar trocar sua escolha inicial pela porta que restou fechada. Se o jogo for jogado assim pelo nosso ideal Silvio Santos e pelo imaginário competidor, as chances dele ganhar o prêmio será de 90%. Ou seja, assim seria fácil ganhar R$10 mil.

Este problema é apresentado no livro o Andar do Bêbado, de Leonardo Mlodinow, com mais elegância do que eu o fiz. Vi recentemente, num artigo na internet, comentarem sobre o problema. Também me empolguei em registrá-lo.

Agamenon se foi, deu no que deu, tô pensando em migrar pro NYT

20130428-112527.jpg

A coluna erigida na última página do Caderno B do JB, digo, Segundo Caderno de O Globo, acabou. Pô. Eu utilizava o jornal de domingo (sempre há outras funções para o papel de um jornal) para ler os excelentes, criativos, referenciados e, apesar disso, muito bons trocadilhos do Casseta. Agora vou ter que desenvolver mais uma atividade virtual na minha vida: acessar o site www.casseta.com.br. Que saco.

O Globo tá ficando menor com a saída deste inominável casseta. Literalmente, acho que a quantidade de matérias está diminuindo lentamente, que nem barra de chocolate Nestlé. Andei lendo o New York Times. Tem coisa boa pra ler por ali. Algumas matérias, inclusive, que surgem depois nas páginas de O Globo. O chato é o preço, custa 4 dólares por semana. Meu salário de blogueiro sustentado por anúncios do Google não dá pra manter essas luxúrias todas. Soube que vão oferecer um plano em que o assinante seleciona os assuntos de interesse. Isso podia funcionar comigo na assinatura de O Globo. Por exemplo, religiosamente, separo o atlético encarte de Esportes e o direciono para a empregada embrulhar o lixo. Não tenho o menor saco para ler sobre futebol, ainda mais agora que só assisto jogos do Barcelona e, pelos últimos resultados da taça da Europa, estou considerando acompanhar o futebol alemão.

Onde eu estava mesmo? Ah, então, vou esperar pra ver se o NYT fica mais em conta. Bem, se Agamenon fosse para o vetusto hebdô americano, eu assinava o jornal americano.

que venha 2013

Veio 2013. Contra as expectativas dos maias, o universo continuou firme e forte. A natureza anda aprontando, vide desastre das chuvas em NY este ano. Teve galeria de arte com 1m d’ água e as obras boiando. Imagino que homelesses e outros não-votantes nos republicanos devem ter boiado também, mas a imprensa não mostrou. Pelo menos, eu não vi.

Mas, deixemos de baixo astral. É hora de tomar fôlego para enfrentar o ano. Vale começar aproveitando esse sol maravilhoso do Rio, com seu escaldante recorde de 43 graus atingido no finalzinho de 2012. Em sendo assim, já cansado das comemorações do novo ano, tiro o time de campo desejando, pouco criativamente, um novo ano simplesmente espetacular para todos vocês.

Deixo uma foto do fim do dia 31, que a caminhada na Lagoa proporcionou.

20130101-020503.jpg

antes de dormir

O que vem a cabeça? Obama reeleito para mais quatro anos. O julgamento do Mensalão avança na definição das penas. Tem gente pegando mais de 20 anos de cadeia. Não sei porquê, não confio muito que essa rapaziada vá ficar enjaulada. Tá morrendo gente de montão todo dia em São Paulo. A versão é de que providências estão sendo tomadas. Parece mais uma guerra aberta. A taxa de mortalidade está maior que em Damasco, capital da Síria? O Fluminense segue tranquilo para ganhar o campeonato por antecipação. Nem sei qual. Se for pra ver futebol, prefiro assistir o Barcelona de Messi. Sou chato mesmo. Não me empolgo com futebol. Não aguento ver novela. Nem em campo, nem na TV. O que mais me ocorre? Nada. Sono. Muito sono. Até.

Insônia, Mensalao e a inevitável pizza

Acordo. Vontade de escrever. O problema é ter foco nos assuntos a tratar. E se você é um cara naturalmente disperso? Quem? Eu? Pois é.

A manchete é o Mensalão, que tá bombando. Suas excelências discutem firulas em pomposo português. O embate dos egos é hercúleo. A questão que não quer calar e que tem grande chance de silenciar é se a quadrilha vai ser sentenciada. Nem digo cumprir pena.
Seria resultado relevante para alarmar aqueles que burlam a nação nas ditas e cantadas tenebrosas transações. Antevejo que saem todos livres, leves, soltos. Afinal, em nossa verde e amarela paragem, quem vai preso é ladrão de galinha. Quem superfatura o galinheiro é suplente de senador.

Perco meu tempo. Gasto as palavras. Sou pessimista. A pizza deve prevalecer. Oremos.