Homem do Ano Polemikos 2010

Lula já é passado. O queridinho do povo sai da ribalta neste fim de ano para entrar para história. Lula saiu convencendo que nunca antes nesse país teve-se tamanha oportunidade de fazer mudanças no cenário de corrupção política e optou-se por tocar o bonde do jeito que estava, mantendo-se e ampliando-se alianças com a canalhada. Esse lado pragmático (o maior eufemismo que posso usar) de Lula e do PT tiraram o tesão de quem achava (ainda havia alguns) que o PT viera para mudar. Apesar de seus 80% de aprovação, a onipresença de Lula levou-o aos limites da “malice” (tornar-se um “mala”) e impediu sua candidatura à láurea de Homem Polemikos de 2011. Na política, a competência de Sergio Cabral, ocupando espaços com ações necessárias, que outros jogavam para baixo do tapete, assumindo a luta pela conquista das favelas pelo governo, colocou-o em evidência positiva nacional. Sua entrevista de fim de ano, peitando uma Míriam Leitão baixamente crítica, mostrou um político objetivo, falando de liberação (ou, pelo menos, da discussão) do aborto e do jogo. Só faltou falar da descriminalização das drogas. Mas tudo tem seu tempo, não é Cabral? Continue lendo “Homem do Ano Polemikos 2010”

Homem do Ano Polemikos 2008

Desde sua criação há dez anos (isso mesmo, dez anos, somos um dos mais antigos blogs do Brasil – na época em que começamos nem havia o nome blog), Polemikos elege anualmente (de vez em quando) o Homem do Ano (a Mulher do Ano também). A distinção já foi concedida a personalidades tão distintas como Saddam Hussein, Silvio Santos, o juiz Nicolau e Antonio Carlos Magalhães. Continue lendo “Homem do Ano Polemikos 2008”

Homem do Ano Polemikos de 2002

Foi um ano fraco para a escolha do Homem Polemikos. Os corruptos, tradicionais candidatos, em virtude da grande quantidade de casos que apresentaram, ficaram difíceis de se destacar. São tantos que não conseguimos eleger este ano o graúdo, um que sintetizasse a classe, como o juiz Nicolau, o ícone da corrupção em 2001. Vocês já devem ter esquecido, por exemplo, do magnífico marido de Roseana Sarney, o Jorge Murad, o homem que só paga em dinheiro vivo. O cara é tão vivo que acharam 1,4 milhões de reais em notas de R$50 em sua empresa. Até hoje não se sabe quem proporcionou a ele esta grana. Murad, profissional da área, ficou quieto, saiu de cena, e deve continuar atuando em sua lucrativa carreira. Em compensação, o velho patriarca Sarney está nas paradas como líder político apoiando o governo Lula. Somos uma terra de cordiais. Ninguém liga o lustroso cabelo do acadêmico Sarney com as estripulias da filha e marido Murad. Ainda na política, o candidato Garotinho saiu-se muito bem nas eleições presidenciais de 2002, apesar de ter uma manchinha no seu prontuário. São as tais fitas que o ex-governador não deixa ninguém escutar. Prefere ver o diabo pregando na sua Igreja do que deixar a imprensa divulgar suas conversas negociando prêmios em dinheiro para seu antigo programa de rádio. O início de 2003 mostrou que sua eficiência em esconder detalhes de sua história não se repetiu na hora de perceber que seus homens de confiança na fiscalização de impostos estavam ligeiramente mais ricos. Coisinha de 30 milhões de dólares. No mínimo, o pio Garotinho pecou por displicência. Pode ser que o evangélico governador ainda venha a atolar na lama do Silveirinha&Amigos. Ainda não foi sua vez de ganhar nosso laurel. Vamos ver como ele se sai como marido da Garotinha.

Um leitor de Polemikos lembrou de um grande personagem da área cinzenta que existe entre o futebol e a política brasileira. Nas palavras do leitor: “Ricardo Teixeira, apesar das mazelas, cambalachos e falcatruas que acompanharam toda a sua longa gestão na CBF, ainda se manteve na direção da entidade, sobrevivendo ao bombardeio das CPIs. Não satisfeito, ainda pleiteia um cargo de direção na FIFA. E ainda tenta construir uma imagem de dirigente vitorioso, aproveitando o título da Copa do Mundo 2002, ganho com nenhuma gota de seu suor. Portanto, para mim, o Homem Polemikos 2002 é Ricardo Teixeira, a prova viva de que, no Brasil, a picaretagem ainda vale a pena.” Fica registrado o voto do anônimo e sagaz leitor. Ainda teve mais gente importante no futebol. Ronaldo e Romário continuam a escrever suas histórias fora de série. Ronaldo foi o fênix que saiu de um joelho bichado, que muitos achavam ter encerrado sua carreira de atleta, para ganhar a Copa do Mundo e virar o jogador de futebol do ano. Este não é polêmico, é premiado pelos céus. Já o baixinho Romário, apesar da idade provecta, continua perto da pequena área fazendo gols e criando casos. Ele diz que quer chegar aos 1.000 gols. Estamos aguardando.

Na política brasileira, Lula brilhou junto com a estrela do PT. Elegeu-se presidente. Terminou o ano quase como um personagem mítico. Atualmente está em Davos, no Fórum Mundial, botando o dedo na ferida da indiferença mundial dos mais ricos pelos mais pobres. Ele seria a escolha natural para o título de Polemikos. Entretanto, a unanimidade não nos interessa. Vamos dar mais tempo ao metalúrgico para ele mostrar como se sai no poder. Já FHC saiu de cena para entrar na boa vida. Ou continuar a boa vida, porque ele pareceu ter usufruído bem do status de presidente. O pollítico da boa conversa, do turismo com cerimonial, do discurso intelectual, do bom vinho, FHC vai curtir o sucesso em Paris e outros points internacionais. Não precisa de nossa modesta comenda. Que vá em paz.

Na briga entre Bin Laden e Bush, o primeiro continuou a tirar o sono do segundo. Bin Laden, ficando quieto, fez mais mal que se tivesse agido. Ficou todo o mundo esperando outra ação espetacular do magrela de lençol na cabeça. Já, o porta-voz das empresas de petróleo e também presidente dos EUA, George Bush, aproveitou a deixa do Bin Laden para tocar seu projeto de controlar das reservas do petróleo mundial. A Venezuela, coincidentemente – e tem gente que acredita mesmo nestas coincidências –, se desestabilizou. Os EUA prontamente pediram a saída de Hugo Chávez e a colocação na presidência de um político mais maleável aos interesses estratégicos dos americanos. Até hoje Chávez não foi tirado de lá e se não fosse tão pouco fotogênico poderia se tornar um líder contra o poder mundial absoluto dos EUA. Mas, parece que o latino que vai ter maior exposição na mídia em 2003 vai ser nosso Lulinha Paz e Amor.

saddam

Cansados de buscar alguém e desejosos de resolver logo esta pendenga, decidimos premiar o velho George W. Bush. Ele não é brasileiro, mas, convenhamos que seu poder não tem fronteiras. O homem mais poderoso do mundo teve um ano morno. Preparou uma enorme guerra, como fosse uma ereção, e está postergando o orgasmo em busca do motivo que lhe dê o mínimo de legitimidade para bater no Saddam Hussein. O ano de 2002 terminou com mais de 100 mil soldados americanos lá nas arábias prontos para dar uma raquetada no antigo aliado americano. Assim, pela capacidade de sobrevivência, pela competência em esconder as armas de destruição em massa que o Bush diz que ele está preparando, escolhemos o velho Saddam como nosso Homem Polemikos de 2002. Esperamos que este prêmio seja nossa modesta contribuição para a lista de motivos de Bush para invadir o Iraque.

Homem do Ano Polemikos de 2000

No início de janeiro deste milênio convocamos nossos leitores a indicar personalidades brasileiras para compor o panteão dos agraciados com o magnânimo prêmio de Homem e Mulher Polemikos do Ano 2000. Aquele ano que passou, lembram? A resposta de nosso eleitorado foi rápida e, num enxurro, entupiu nossa bandeja de entrada. Dos centenas de e-mails enviados, nos chegaram quase meia dúzia que, se não significam um aporte quantitativo de monta, nos ajudaram a montar o retrato de nossa sociedade, que são os Polemikos do Ano 2000.

Como sempre, sem preconceito, começamos pelos homens. As indicações ficaram no esperado. Guga, o melhor do mundo do tênis em 2000, é o novo atleta sublimador de nossas ambições de raça. Pela sua enorme simpatia, ausência da hipocrisia típica dos recém famosos e abrangência limitada ao esporte, Guga foi liberado de receber nosso insigne honraria. Ele agradeceu penhorado. ACM, como um Tom Hanks de nosso concurso, apareceu como forte candidato a ganhar o prêmio pelo segundo ano consecutivo. Suas pretensões, no entanto, naufragaram. As escaramuças de ACM com FHC. Esta dupla caipira que preenche nosso noticiário de rusgas e carícias, como casamento velho, não conseguiram levar nenhum dos dois ao pódio. Note-se que FHC, mais calado que nos outros anos, por isso mesmo teve melhor discurso e chegou a ser apontado pelo conjunto da obra. Chegou perto.

Bem. Chega de delongar a apresentação do nosso vencedor. Na categoria masculina, o caráter (ou falta de) ousado, surrupiante, ilicitamente enriquecedor, foi a tônica das personalidades de destaque em nosso país. Nomes cacofônicos, como Estevão, Nicolau, Barbalho, Eurico Miranda torturaram nossas leituras diárias dos jornais. Assim, a corrupção brilhou por todo o ano. O escolhido para representar este substantivo feminino tão masculinizado em nossa terra foi … o mestre juiz Nicolau dos Santos Neto, Homem Polemikos de 2000. Sem dúvida um artista. Nosso Harry Potter da corrupção sumiu com 100 milhões de reais dos cofres públicos. Sua desfaçatez, comprando carros esporte de luxo e apartamentos milionários em Miami (só pelo mal gosto da escolha da cidade já merecia ir para prisão), estabeleceu um padrão de riqueza ilegítima a ser perseguido pelos outros tratantes brasileiros. Nicolau é um paradigma. O mago fugiu de ser preso, ficando invisível durante todo o ano, mantendo-se na mídia e se tornando símbolo da luta do governo contra a corrupção. Luta esta, vale lembrar, conduzida com pouco afinco e sucesso. Sua reentrada, entregando-se à polícia no final de 2000, foi triste pantomima passada pela tevê. Idas e vindas de hotéis carcerários, membros da família (ou quadrilha) circulando cabisbaixos, aparentando sofrimento, mal escondiam a única vergonha que carregam: terem sido pegos.