da série “estou ficando com medo”: agora querem que acreditemos em papai do céu

Ai, meu deus. Tá ficando um inferno. O presidente da Comissão dos Direitos Humanos, o pedidor de senha de cartão de crédito, Marco Feliciano, quer, segundo notícia de O Globo:

Instituir na rede pública de ensino fundamental o programa Papai do Céu na Escola, que é a adoção do ensino religioso, incluindo todas a religiões. “Precisamos resgatar o encino religioso em nosso país de maneira sábia, simples e coerente. Queremos ver os filhos dessa Nação olhando para a imensidão do cosmos e dizendo: – ‘Há um papai do céu que cuida de nós’.”

Não tem dúvida, o cara tá de sacanagem. Ou é coisa do demônio. Que deus nos ajude.

A moça até parecia bem cuidada…

Minha mulher me mostrou a foto da revista de O Globo que trazia matéria de capa sobre mulheres que aparentam menos idade. Ela parecia bem tratada. Estava bem vestida, pele lisa, rugas discretas, batendo um bolão.

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E veio a pergunta: quantos anos ela tem?

Avaliei, dei o desconto pra cima, para justificar ela aparecer como milagre dos cuidados femininos atuais, e sacramentei: quarenta anos! Minha mulher abriu o sorriso que só as mulheres conseguem quando provam o embaragamento de outra. Com expressão piedosa, informou: Ela só tem 32 anos.

Pô! Mas ela tem razão. A moça não aparenta nada de mais, no caso, de menos. Acho que foi sacanagem de alguma desafeta. Deixou a balzaca numa ruim. Fica a lição para a patricinha. Não vale a pena conseguir sair no jornal, mas ficar mal na foto. Ou será que vale a máxima: “falem mal, mas falem de mim”. Falamos.

a boceta foi pra capa da revista… e o caralho, onde fica?

20120923-103510.jpgFui buscar a definição no site vSlider2.0: “Em geral o uso da palavra “boceta” é tido como um modo chulo de se referir ao órgão sexual feminino, um “nome feio” que deve ser evitado pelas pessoas de fino trato.” Evitava-se falar. Imagine quanta restrição havia a mostrar a dita. Agora, acabou-se a cerimônia. O Globo promoveu a boceta (a grafia buceta é tolerada) a personagem da semana, com direito a capa da revista dominical de O Globo.

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Gestantes Precoces e Salários Menores para Negros e Mulheres

Esta foi a capa de O Globo de 13.05.12:

Este é um daqueles artigos que me assegurarão o direito, no futuro, de concorrer como candidato da extrema direita no Brasil, ou na França ou Grécia, onde estes caras já fazem sucesso. Não que o artigo seja preconceituoso. Mas o preconceito da ignorância atual é atacar qualquer coisa que aponte que os pobres são pobres por outros motivos além da culpa dos ricos.

A coluna da direita da capa do jornal trazia estatísticas desfavoráveis a negros e mulheres em relação a salários. Sem dúvida os negros atingem menores níveis nas carreiras e seus salários são menores. O grau de instrução conquistado pelos negros é menor, o que lhes dá menos oportunidades no mercado. Há o fator preconceito, mas acho este menos relevante que o puro e simples menor acesso à educação. Mas o que isso tem a ver com a bela menina grávida que aparece do lado esquerdo da foto? Continue lendo “Gestantes Precoces e Salários Menores para Negros e Mulheres”

Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz

Tava voltando do trabalho na 6a feira. Carro com ar condicionado me isolando do Rio suarento de fim de expediente. O tempo fecha e a chuva torrencial cai lavando os camelôs e adjacentes nas calçadas. As mulheres incautas, que se meteram em calças brancas arrochadas para os avanços de 6a feira são molhadas pela chuva, deixando a roupa colada no corpo, criando efeitos possivelmente exóticos para alguns. O povo obediente, que não conseguiu convencer os patrões que a greve da polícia ia degenerar em violência por toda a cidade, este povo miúdo espera quieto o aguaceiro passar. Dentro do meu casulo móvel desloco-me para a Zona Sul pelo Aterro que ameaça encher, apesar de ser plano e junto da baía. Quando chega o Morro da Viúva, o sol aparece junto a estátua do Redentor. Sou agraciado com efeitos especiais, com direito a arco-íris. O chão vai secando. Quando adentro Copacabana, os habitantes locais não dão mostras de temerem a chuva diluviana que eu presenciara. A juventude em roupa de praia retorna para casa com o senso do dever cumprido nas reverências feitas ao deus Sol que se despede lá para os lados da Zona Oeste, digo, Barra da Tijuca. Me apiedo dos humildes trabalhadores umedecidos que abandonei no Centro. Como sofrem esses moços.

Dia seguinte: os jornais informam que o Cordão do Bola Preta levou cem mil pessoas a descer a Rio Branco em êxtase carnavalesco. Ê povo feliz!