O problema do vidro da porta do Meriva

O vidro traseiro do meu Meriva não se aquieta. Já é a terceira vez que levo pra trocar o reparo do suporte do vidro. É assim: de vez em quando o vidro despenca. Cauteloso, estou andando com fita adesiva para prender o tímido vidro que insiste em se esconder dentro da porta. O pessoal da oficina Paulista, ali defronte do cemitério, em Botafogo, diz que o problema é crônico. Não era o caso da Chevrolet fazer um recall. Parece erro de projeto do carro.

corrupção, Dilma, ética no PT…

A corrupção está sendo redefinida. O Ministro “Bola da Vez” Pimentel não explica o que fez para ganhar dois milhões em consultoria. A presidente Dilma acha normal. Diz que tudo aconteceu antes dele ser do governo. Para Dilma, o crime já prescreveu. Se ele tiver uma recaída e fizer novo malfeito, ela vai lhe dar umas palmadas. Nossa “Poliana” Dilma acha que ele está curado.

O PT ficou pequeno. Parecia ser outra coisa. Agora, vale qualquer arranjo para manter o poder. A redefinição da corrupção se dá assim. O Pimentel é uma pessoa importante, boa formação, tem que ter renda para cultivar hábitos caros. Não é qualquer um. Não pode ficar se restringindo a viver com salário de ministro ou do cargo em que provavelmente traficou influência em troca da grana da consultoria. É assim mesmo gente. O cara precisa tirar o dele. Mas…

Ele mentiu. Disse que deu palestra e não deu. Ninguém sabe, ninguém viu as tais apresentações valiosas que Pimentel fazia. Então, há caminho para pegar o mentiroso. Mentir, para uma figura pública, é malfeito. Que se pegue o palestrante fantasma.

vender postes dá dinheiro no Rio de Janeiro

Lá vem a gente com outra picuinha. Agora é com a quantidade de postes no Rio. Achamos que tem poste de mais. É natural que não haja coordenação entre as áreas responsáveis por instalar postes. Onde é mesmo que temos coordenação nas ações do governo? A light coloca poste, o pessoal do trânsito coloca outros e os postes vão se acumulando pela cidade. Nossas pobres calçadas estão recheadas de fradinhos, camelôs, bancas de jornais, buracos, tapumes da CEG fechando bueiros minados, carros estacionados irregularmente, pedras portuguesas desarrumadas e… postes! As calçadas estão ficando intransitáveis, difíceis para se caminhar, o que faz com que muitos já optem por andar pela rua. Mas estamos entrando em outro assunto, a questão aqui são os postes. O Rio tem muita placa de orientação. Não é por falta de placas que entramos na contramão. E os postes, com todas as destinações possíveis, vão sendo colocados mais e mais. É claro que não há preocupação em usar postes com diferentes utilidades. Começo a desconfiar que o negócio de vender poste para a prefeitura é rentável. Continue lendo “vender postes dá dinheiro no Rio de Janeiro”

Ridícula polêmica em torno de anúncio de Gisele Bündchen para Hope

à direita: nossa sugestão para o uso da figura feminina nas publicidade nacional

Por que dar espaço para pessoas reclamarem de uma propaganda engraçada, que brinca com o poder das mulheres em usarem sua beleza para negociar com seus parceiros? Patético! Gisele é uma das mulheres mais bem sucedidas do mundo. O anúncio é uma brincadeira com as clássicas negociações que acontecem nas relações. Mostrar Gisele, mesmo que rapidinho, é um colírio para os olhos (a essa altura, já posso ser enquadrado como sexista). Foi uma brincadeira de bom gosto. Mau gosto é ver pessoas com a cabeça mal resolvida se aproveitarem da peça de propaganda para aparecerem. Continue lendo “Ridícula polêmica em torno de anúncio de Gisele Bündchen para Hope”

Polemizar como mera terapia

Começo colando a citação de Hermano Vianna em sua coluna de 27.05.11 em O Globo: “Ora, a indignação é a forma mais barata de inteligência, ela substitui a complexidade.” É isso! A mera indignação não leva a nada por si só. Se o indignado pegar em armas (metaforicamente, por favor) e sair ao encalço das pretendidas mudanças, aí sim, valeu ficar puto com alguma coisa. Sendo preconceituoso, afirmo que o brasileiro tem a tendência para a indignação passiva. A gente esperneia, estrila, se debate e depois sai para tomar um sorvete e esfriar a cabeça. Como cidadãos, temos formação rígida para sermos bundões. De novo, cito nosso Hermano: “A indignação brasileira atual muitas vezes é apenas exercício de maledicência. Um jogo bobo: sou mais corajoso, nado contra a maré, pois falo mal de todo mundo. E tudo fica como era antes.” Nossa firme determinação aqui em Polemikos é exercitar essa indignação imobilizante. A gente ladra, ladra, mas não morde. Para fugir a mesmice de nossa pátria, optamos por esse texto politicamente incorreto e/ou moralmente correto para aliviar a indignação. É uma boa forma de terapia, é relaxante. Como não redunda em resultado efetivo final, torna-se uma prática de coito interrompido que pode vir a gerar insatisfação acumulante. É previsível um dano maior futuro, afinal essa energia refreada deverá ser canalizada para algum problema de saúde psicossomático. Que venha a úlcera! Continue lendo “Polemizar como mera terapia”

Voto de lista é golpe!

Acho que o congresso brasileiro está brincando com fogo. Essa proposta de que as eleições de deputados se dêem por votação em listas apresentadas pelos partidos é um golpe grosseiro no direito dos cidadãos escolherem seus representantes por voto secreto. Além disso, o formato de listas de partidos é bela maneira de incrementar o negócio lucrativo de alugar lugares nas listas. Continue lendo “Voto de lista é golpe!”

o Brasil agora é tão desenvolvido como os EUA: também temos chacinas nas escolas

Os debates que eu tinha com uma amiga sempre desandavam num ponto da conversa. Discutíamos sobre a situação de nosso país até chegar o momento crucial em que eu me exaltava e afirmava que “o Brasil era uma merda”. Pronto! O pau comia. Ela considerava a afirmação falta de patriotismo. Afinal, se amamos nosso país, temos que dizer que ele é ótimo, assim ela pensava. Eu tentava dizer que ver os defeitos não me impedia de amar meu país. Eu insistia e ela sacava o argumento – para ela – definitivo. Se não gosta daqui, por que não vai morar lá fora? Minha resposta a enraivecia ainda mais. Eu topava sair, só pedia que alguém bancasse minha vida em Paris, para eu manter o bom padrão que tenho aqui nas terras indígenas verde e amarelas. Continue lendo “o Brasil agora é tão desenvolvido como os EUA: também temos chacinas nas escolas”

Pânico! Começou o golpe das licitações da Copa no Brasil!

Criou-se comissão (não é de 10%, esta já é antiga) na Câmara dos Deputados responsável por “elaborar texto com regras para flexibilizar exigências na realização de licitações de megaobras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio” (O Globo, 12.03.11). Entendo que este é o eufemismo para “liberar as armações nos vultosos contratos que serão realizados nas obras para os dois grandes eventos previstos para o Rio de Janeiro”. Deixarão as obras atrasar. As regras de flexibilização permitirão entregar os projetos às pressas aos mesmos espertos de sempre. É claro que haverá uma pequena taxa para que as coisas andem rápido. Percebem? Para a importante missão, foi escalado o controverso deputado Eduardo Cunha, cuja estranha influência na gestão de estatais como Furnas havia sido esvaziada pelo governo federal. O carinha é poderoso. Sai de um esquema para entrar em outro ainda maior. Causa-nos arrepios. Brrrri…

Uma semana de circo e descaso

Teve presepada em todos os níveis. Comecemos pelos camarotes. Amy Winehouse veio ao Brasil recompor o caixa, que tem sofrido grandes retiradas para pagar o champagne, as pizzas e as clínicas de reabilitação. Foram polpudos 12 milhões de reais. Um espetáculo de grana. De música, foi menos. A moça faturou, bebeu todas no hotel de Santa de Tereza, que ficou muito famoso, belo tiro de marketing. Os artistas da moda foram aos shows de graça às custas do banco patrocinador. E ficaram todos felizes. Menos eu, que não fui convidado. Registro aqui minha inveja de ter perdido a boca livre.

Já, para o povo da arquibancada, foi armado o espetáculo “A Volta de Ronaldinho”, o gaúcho que não quer jogar no Rio Grande do Sul. O noticiário inclemente chegou a incomodar, analisando de todas as formas banais possíveis o leilão do ex-craque, que, depois de ficar com as grossas pernas bambas, vem faturar seu último caro suspiro nos clubes brasileiros. Continue lendo “Uma semana de circo e descaso”

Homem do Ano Polemikos 2010

Lula já é passado. O queridinho do povo sai da ribalta neste fim de ano para entrar para história. Lula saiu convencendo que nunca antes nesse país teve-se tamanha oportunidade de fazer mudanças no cenário de corrupção política e optou-se por tocar o bonde do jeito que estava, mantendo-se e ampliando-se alianças com a canalhada. Esse lado pragmático (o maior eufemismo que posso usar) de Lula e do PT tiraram o tesão de quem achava (ainda havia alguns) que o PT viera para mudar. Apesar de seus 80% de aprovação, a onipresença de Lula levou-o aos limites da “malice” (tornar-se um “mala”) e impediu sua candidatura à láurea de Homem Polemikos de 2011. Na política, a competência de Sergio Cabral, ocupando espaços com ações necessárias, que outros jogavam para baixo do tapete, assumindo a luta pela conquista das favelas pelo governo, colocou-o em evidência positiva nacional. Sua entrevista de fim de ano, peitando uma Míriam Leitão baixamente crítica, mostrou um político objetivo, falando de liberação (ou, pelo menos, da discussão) do aborto e do jogo. Só faltou falar da descriminalização das drogas. Mas tudo tem seu tempo, não é Cabral? Continue lendo “Homem do Ano Polemikos 2010”